Na medida em que amadureço, percebo a vida me encurralando. Já não posso mais sair pela tangente. Preciso fazer escolhas, tomar decisões, não posso querer tudo — aliás, querer posso, o que não posso é ter tudo. Preciso comunicar o que sinto, o que me incomoda, as minhas necessidades. Fugir já não me é satisfatório e sinto como se eu tivesse burlando as regras de ser adulto.
Não quero facilitar pra mim, entende? E evitar, por mais que também seja difícil, é facilitar.
Não, isso não foi uma conclusão que tive de última hora, como esse texto está sendo feito, mas como eu utilizo muito das minhas reflexões do momento pra criar, esse assunto é o que está mais fresco aqui (e na terapia). Mas ele já me acompanha há uns bons anos. Como no meu primeiro término de relacionamento (de quase 6 anos) em que não consegui colocar um ponto final de forma assertiva. Só conseguia verbalizar que precisava ficar sozinha e que não entendia aquele sentimento. E fui distanciando, incapaz de oficialmente terminar a relação. Sinto muito e não me orgulho disso, mas na época, esse era o possível pra mim, com os recursos que eu tinha.
Por que é tão difícil magoar os outros de uma vez por todas e tirar isso de dentro de mim? Ops, esse também não é o caminho mais saudável. Difícil esse negócio de não ser 8 ou 80 ein?
Comunicar o que se sente, mesmo que da forma mais assertiva, por vezes é lidar com a vitimização do outro, e por consequência, não se sentir validado. Isso não é meu, é do outro, mas ainda assim, é duro. Eu já vivi isso muitas vezes e confesso que dar um feedback sobre algo que a pessoa fez e me feriu de alguma forma já é difícil, mas quando essa pessoa não está aberta a ouvir isso e fica apenas na defensiva, automaticamente me vem uma vontade absurda de pedir desculpas por ter nascido.
Para minha surpresa, nem sempre é assim que as coisas acontecem, e isso, eu aprendi praticando, quando eu comunicava o mundo não acabava e isso surtia ótimos efeitos. Como o mundo não é um morango, não é algo simples para mim e eu preciso constantemente me policiar para não escolher os caminhos mais “fáceis” mas que não me levam muito longe.
Todos os caminhos levam a Roma. Volto sempre pra esse ponto de me questionar: “Por que isso está acontecendo? Como eu poderia ter evitado isso?” Ah claro, eu deveria ter falado sobre como me sentia ou ter deixado mais claro o que era importante para mim. Me deparo com aquela sensação entalada daquilo que não foi dito ou foi maquiado. Com um sentimento de estar a deriva, constantemente refém das escolhas e atitudes alheias.
E não falo aqui somente de comunicação, falo de tomar decisões, fazer escolhas mesmo. Me peguei extremamente incomodada e frustrada com o fato de não comparecer à algumas competições por conta do trabalho. Mas quem fez essa escolha de trabalhar nesses dias? Eu mesma. A escolha de não fotografar mais eventos (que ocorre principalmente nos finais de semana e não tem flexibilidade de agendamento) é algo que eu já venho há anos lidando com o sentimento de dualidade…
É uma escolha grande, que envolve planejamento, é claro. Mas ainda assim, é algo importante pra mim, certo? Então, eu entendo que como adulta eu posso fazer a minha escolha e lidar com as consequências dela, e não ficar de um lado pro outro tentando abraçar o mundo e ficando brava com o fato de eu não ter conseguido atingir aos meus objetivos. Quero competir e crescer no esporte e também fazer meus clientes felizes, mas nesse momento, tenho uma aposta alta pra fazer em mim e essa será a minha escolha.
E você, já parou pra refletir se não está por aí a deriva nesse marzão de atitudes alheias, deixando que o externo sempre conduza teus caminhos? Se estiver, tenho ótimas notícias, uma hora a vida vai te encurralar. 🤐
Não deixe de ler os outros textos dos meus colegas Dallen, Jonas e Sara. Eles compartilham sua visão de mundo, cada um do seu jeitinho e isso torna tudo mais autêntico por aqui. Se quiser compartilhar teu sentimento, os comentários do Instagram estão abertos pra isso ou podemos conversar pela DM também. ♥