Você já sabe que a linha é um dos elementos de estilo do nosso visual junto com as cores, as formas, os volumes e as texturas, certo? Mas o quê são afinal essas linhas no que a gente veste? Exatamente o que você imagina que seja.
Se a gente fosse desenhar a pessoa que vemos no espelho, iríamos começar tracejando algumas linhas. Então basta trazer essa identificação para o vestir tridimensional, ou seja, a vida em curso.
As linhas podem ser externas ou internas e vão ajudar a criar as formas na nossa silhueta e direcionar o olhar.
As linhas externas vão dar o formato na silhueta, como um efeito reto, ou arredondado, ou arrebitado, ou pontudo… Por exemplo, uma calça no formato mom – aquela que lembra uma cenoura, com cintura alta, volume nas coxas que vai afunilando nos tornozelos – vai deixar a silhueta com um formato diferente do que uma calça de corte reto desde a cintura, que não afunila embaixo.
Uma jaqueta no formato biker ou aviador vai deixar o tronco diferente do que a jaqueta no formato bomber, entende?
Nunca é demais repetir que não existe a peça certa e a peça errada fora do corpo. Uma peça só faz sentido quando experimentada, só então você pode perceber e decidir se você quer aquele efeito no corpo.
Quero frisar também que todo mundo, com qualquer corpo ou peso pode criar a ilusão de uma silhueta harmônica, manipulando esses elementos de design que toda roupa carrega. Então não é sobre o corpo que serve na peça, mas a peça que serve o corpo.
Veja que máximo: enquanto todo mundo sente esses efeitos por causa da leitura emocional que o cérebro faz de uma imagem, a gente, que estuda a linguagem visual vai colocar esses efeitos nos lugares que a gente quiser evidenciar ou minimizar, conforme o nosso desejo. Isso é o que eu chamo de imagem estratégica!
As linhas internas podem ser recortes, botões, prega, zíperes, lenços, e tudo mais que direcionar o olhar pros lados, no sentido da largura, na diagonal, como uma linha inclinada, ou pra cima no sentido da altura.
As linhas verticais, quando direcionam o olhar de cima para baixo, no sentido da altura, podem afinar e alongar. Exemplo: camisa fechada por botões, calça comprida, vestidos longos, lenços soltos ao longo torso.
Linhas horizontais direcionam o olhar de uma borda à outra, então elas podem encurtar e alargar o que cobrem. Ex.: cintos contrastantes, decote ombro a ombro. No caso de estampa, quanto mas fina a linha, mais controle passa. Quanto mais grossa, mais força.
Linhas diagonais direcionam o olhar indiretamente, enviezado. Por isso são ótimas para amenizar volumes e desproporções, dando uma sensação de dinamismo. Pense em vestidos e blusas transpassadas, saia pareô e estampas com essa direção.
Linhas curvas e fluídas criam um efeito arrendador e acrescenta essa forma redonda ou ovalada mesmo. A sensação é de um aspeto mais lúdico e envolvente. Tipo: mangas bufetes, saia tulipa, a própria calça mom que falei antes.
Linhas retas, angulares e estruturadas costumam impor a forma da roupa sobre a forma do corpo, já que também transmitem força. Então podem ser boas para quem quer criar a sensação de uma nova silhueta, tipo desarredondar a parte do corpo onde está. Pense em: paletós com ombros marcados, calças com pernas retas.
Dallen Fragoso
Quem faz a Trilha de Estilo ou o Workshop Imagem com Intenção aprofunda a linguagem visual na prátca. Que tal?