“Sei que você já sabe, mas não custa lembrar, é proibido fumar nas dependências da aeronave”, disse a comissária de vôo. Eu, que ouvia aquilo pela terceira vez no dia, pensei: verdade, não precisava dizer. É óbvio que não se pode fumar aqui. Nem em nenhum local fechado. Podem até arrancar as placas de cigarro cortado dos restaurantes que, aposto, ninguém vai acender um lá dentro. Por quê? Porque já estamos assimilamos a ideia. Já é natural aceitarmos que não se fuma em locais fechados. Ponto.
Somos assim em muitos aspectos da vida, mais ou menos aculturados, acostumados, conformados. Depende muito do quanto nos expomos a uma questão, nos abrimos a ela, nos permitimos enxergar seus vários lados. Na questão da moda sustentável não é diferente. Adquirir uma roupa que já teve uma história, que já pertenceu a alguém, para muitos ainda é tabu, ao passo que para outros já é matéria dada, nem precisa de legenda. Especialmente entre os jovens. Para eles, a sustentabilidade não é assustadora nem distante, nem tampouco inovadora – porque já nasceram sabendo que é simplesmente uma questão essencial.
Você sempre vai conhecer alguém até 25 anos que já fez exchange, clothing swap, brechó, garage sale, bazar, etc, com suas próprias coisas. As mídias sociais fomentam ainda mais o acontecimento. Sabe o que é isso? É a cultura de uma sociedade – a nossa – se transformando, permitindo novas formas de coexistência: o novo e o antigo, o vintage e o moderno, o passado e o contemporâneo, além de muitos, muitos outros olhares.
Bacana isso, não? Nunca vamos parar de consumir, isso é certo. Mas que possamos fazer isso cada vez mais conscientes de que os recursos naturais precisam “dar um tempo” para serem recolocados no seu devido lugar. Enquanto isso, dê um giro na cidade e descubra novas formas de consumo. Vai encontrar várias!
Bj,
Dallen.
(texto de 2017 para o antigo blog do TAG de LUX)
