Conversa

Uma conversa sincera pode ser dolorosa e também curativa. O que acontece quando a gente compartilha o que tem dentro de nós? O que muda nas nossas relações quando nosso pensamento passa a ter som, e ganha corpo nas palavras que colocamos no mundo?

Eis um fato sobre a vida: as pessoas não tem a capacidade de adivinhar o que se passa dentro de nós. Pensamentos, intenções, emoções, memórias e sensações compõem a vida que acontece dentro de nossa pele. Ainda não temos uma tecnologia capaz de transformar o pensamento em imagem, com descrição e comentários do autor. Já pensou como seria?

É fato também, que não podemos externar tudo o que se passa em nós, com todas as pessoas. Tudo é muita coisa! E entre falar de tudo e encafuar o mundo que existe em nós, há muitas possibilidades.

Há coisas que você precisa dizer se deseja que algo seja feito.

Pense em algumas pessoas de sua vida. O que te incomoda na interação com essas pessoas? Elas sabem que isso está acontecendo, ou você permanece ruminando o pensamento de que “elas deveriam saber”?  

E se essas pessoas nunca descobrirem o que te incomoda, o que irá acontecer? E como seria se você falasse sobre isso? Essa evitação provavelmente diminui as chances de promover mudanças significativas.

Uma questão que surge aí é que, o fato de expormos algo que se passa em nós exige presença e nos responsabiliza sobre o que dizemos. Deixamos um lugar de certa passividade e espera improdutiva pelos movimentos dos outros, e assumimos maior protagonismo nesse processo.

Quando você diz à pessoa que ela faz algo que não é satisfatório, você precisará aceitar a tensão que poderá emergir, e irá lidar com as implicações que sua fala poderá trazer para essa relação. Não penso que isso seja um problema, a priori. É apenas parte nessas vivências.

Provavelmente você interage com pessoas com as quais consegue ter esse tipo de conversa mais facilmente. E, ao mesmo tempo, você tem outras pessoas com as quais é mais difícil abordar tais temáticas, seja pelo “assunto” ou pela história e relação que estabeleceu com elas.

Como se fala sobre a violência doméstica? Como se fala sobre o abuso? Como se fala sobre a traição? Como se fala sobre a tristeza? Como se fala sobre a falta de afeto? Como se fala sobre a grosseria? Como se fala sobre insatisfação com o relacionamento amoroso? Como se fala sobre a saudade? Como se fala sobre a falta que a pessoa está fazendo no dia a dia? Como se fala sobre o excesso de trabalho? Como se fala sobre o suicídio? Como se fala sobre a finitude? Como se fala sobre a paixão que está surgindo? Como se fala sobre o sofrimento? Como se fala sobre as cicatrizes da própria história? Como se fala sobre a falta? Como se fala sobre a privação? Como se fala sobre o esgotamento?

É possível construir caminhos para dar voz às nossas dores. Isso exige coragem! Parte desse processo passa por discernir o tempo e o modo de abordar essas questões. Provavelmente não chegará um momento perfeito para isso, tampouco será confortável.

Por mais que as pessoas conheçam partes de nossa história e entendam o que alguns olhares dizem, há coisas que precisarão ser ditas! Quem são as pessoas com as quais você precisa conversar? O que está entalado em sua garganta e que você precisa externar? O que já não cabe mais em sua vida? Você pode e talvez precise fazer algo com isso!

Há conversas que você deverá ter. Há coisas que você precisará falar para que algo possa ser feito a partir disso. E isso poderá fazer muito bem para você e para as pessoas ao seu redor. Respeite seu tempo, e cuide para que o silêncio não te custe mais do que precisa. Obviamente, assuntos alegres são sempre bem vindos!

Espero que você tenha boas conversas e consiga falar sobre o que é importante para você. E se quiser conversar, estou aqui!

Se esse texto fez sentido para você compartilhe com outras pessoas, e marque o @jonasfilho.psi! E para seguir nosso papo, me chama lá!

Aproveita pra ler os textos das minhas maravilhosas parceiras de blog: AmandaDallen e Sara.

Com carinho, Jonas Filho.

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