
Eu não sei como essa experiência é para você. Não sei como você lida normalmente com situações assim. Para mim, é difícil lidar com a sensação de ter errado ou falhado com alguém.
Quando algo assim ocorre, o movimento imediato do meu pensamento é me levar para um lugar de cobrança e julgamento. “Eu não podia ter feito isso”… “Como eu deixei isso acontecer”… “Eu falhei com fulano”… “Beltrana deve estar muito chateada comigo”… e por aí vai. É um verdadeiro self-service de exigência, um rodízio indigesto e amargo, que azeda dentro da pele.
Uma das partes difíceis em lidar com isso é que eu não tenho controle sobre a presença desses pensamentos, eles simplesmente aparecem.
E no processo de lidar com isso, tenho aprendido a notar mais rapidamente esses “monstrinhos” impiedosos dentro da minha cabeça, e vou buscando outras formas de agir diante deles, jeitos de lidar comigo quando faço algo diferente do que gostaria ou não atendo certas expectativas que tenho.

A real é que eu erro. Não é uma questão de querer ou não, simplesmente. É uma questão de ser gente, de viver, de pisar no chão da vida. Eu sei que também acerto em outras coisas, e aí surgem outros processos que não vamos abordar hoje.
Aprendi a pedir desculpas há alguns anos e isso fez muita diferença pra mim. Isso não faz os “monstrinhos” virarem fumaça, mas me ajuda significativamente a lidar comigo mesmo nesse processo e a fazer o que posso para reparar a relação com as pessoas com quem falho.
O ponto é: nós conseguimos ter conosco o mesmo nível de compaixão, compreensão e aceitação que temos com outras pessoas? A gente consegue se perdoar e acolher quando erra ou falha em algo, tendo uma postura de gentileza, tal como fazemos com os outros? (Se é que fazemos isso né?!)… Ou a cobrança fica sozinha?
Fico pensando também sobre outro funcionamento que observo com alguns clientes/pacientes, que evidenciam uma postura um tanto distinta. Algumas pessoas quando erram demonstram uma dificuldade bastante significativa em reconhecer onde falhou, sua parte no que não deu certo.
Quando a pessoa age assim, é muito comum que passe a ser mais exigente e menos compassiva com outras pessoas, terceirizando o que é seu naquele contexto, e evitando ao máximo sinalizar que erra. É como se um tropeço anulasse toda caminhada, colocasse toda competência ou conhecimento em questão.
Isso te lembra de alguém?

A real é que você erra. Não se resume às coisas que você faz, se você faz, intencionalmente para prejudicar alguém. Essa condição de falibilidade é inerente à vida. É parte, ainda que indesejada, e não é tudo.
Algo importante a considerar nesses processos é aprendermos a olhar para essas situações com mais perspectiva. Errar em algo é muito diferente de errar em tudo. Tudo é muita coisa.
E nesse sentido, é importante que consigamos observar de forma honesta o que o espelho (ou a selfie) nos mostra. Você erra com quem ama, e com quem convive. Você erra porque é gente, e gente erra. Assim como você acerta porque é gente, e gente também acerta.
As pessoas erram com você porque são gente, e acertam pelo mesmo motivo.
Não sei dizer se você está no mesmo grupo que eu, que tende a se cobrar excessivamente quando falha, ou se tende a pegar mais pesado com outras pessoas, tendo mais dificuldade para se desculpar. De qualquer forma, exercitar a compaixão e a gentileza consigo e com os outros nesses processos pode ser bem importante.
Lidar com aceitação e compreensão conosco não apaga o erro, mas possibilita lidarmos com esse desconforto de forma mais cuidadosa. E esse é o ponto: não há como nos colocarmos numa posição de nunca mais falharmos em nada, pois isso não será possível. Mas é possível lidarmos com nossas fragilidades de um jeito diferente.
Às vezes um pedido de desculpas é suficiente para reparar as nossas relações. Reconhecer que erramos e assumir essa condição com uma dose de humildade pode ser um caminho mais saudável para as circunstâncias desconfortáveis.
Acredite: você vai sobreviver! Assuma sua parte, e tente fazer isso com mais leveza. É um exercício que vale a pena!
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Com carinho, Jonas Filho.