Sorria: a moda está tirando sua foto!

Umas das definições de moda possíveis que eu uso muito por aqui é essa: a moda é um retrato do tempo. Já a ouvi de outras pessoas em diferentes versões, mas sempre com o mesmo significado, tão simples e ao mesmo tempo tão profundo, de ser o retrato do seu tempo.

Quando se trata de Zeitgeist (olha ele aqui de novo!) gosto de traçar um panorama histórico na minha mente a fim de buscar compreender como a gente chegou aqui. No caso da moda, muitas foram as (r)evoluções humanas na qual ela brilhou, ajudando a contar os fatos. Quem lembra da estética Chanel no pós guerra? Havia um motivo para o fim do espartilho e o ‘perfume’ masculino nas roupas femininas.

A mini saia dos anos 60 endossava a liberdade da juventude da época. A moda unissex dos anos 80, você lembra? O que era, se não um prelúdio do que temos hoje em relação à equiparação de gêneros? Mais recentemente, o boom do tênis e das peças confortáveis, inclusive as de alfaiataria, contando ao mundo que não havia lugar para apertos durante a pandemia. E tantas outras… de qual mais você lembra?

Interessante que, geralmente, só nos damos conta disso depois, quando lemos os livros, ouvimos as histórias, vemos as fotos… anos depois!

Mas é possível fazer isso agora, refletir sobre o que a moda conta sobre o nosso comportamento atual?

Eu acredito que sim. Sem a intenção de fechar alguma coisa, dá sim. Até por que são muitos viézes e a “leitura” não é imparcial.

Mas vamos lá, bora tentar um recorte: o que é que não sai da sua mão, que você está sempre grudada/o e se esquecer em casa, volta para buscar? Seu celular. E por quê? Porque é por ali que você se conecta com o andamento das coisas, se comunica com o mundo e… checa o que está na moda. Look do dia, já ouviu falar? Pois é. Conte então o que você mais tem visto ultimamente nas suas pesquisas de Instagram? Eu te ajudo: blusa de um ombro só, blazer de alfaiataria, calça de shopping (alô Patolino!), colarzão colorido.

Então, pode ser que daqui a um tempo, quem estiver estudando nossa época vai ficar intrigado sobre o tanto de indumentária igual/parecida num zeitgeist tão livre.

Virou uma febre esse meme, Patolino genial! 😛

Ou seja, se hoje se diz que a moda é não ter regras, que pode tudo… ainda assim a gente prefere o que está posto, o que está fácil, a tal da busca por fórmulas prontas…

Pode ter a ver com pertencimento? Talvez. Corre aqui Freud. Isso não é exatamente uma crítica, mas na parte que é, me incluo, afinal, já comprei o colarzão aquele dos polvos porque todo mundo que eu achava foda, tinha.

Trouxe esse exemplo apenas para estimular a nossa reflexão, pra começar a pensar no tanto de gente que copia e cola em relação a estilo. Mas e nós? Eu, você… o que “a nossa” moda está contando sobre nós?

Não há problema algum em copiar e colar, até porque esse lance é só figura de linguagem pra ficar contemporaneazinha. Na prática, ninguém fica igual. Mas desde que você sinta que aquilo fala sobre você, conta a parte da sua história que você quer contar, do jeito que você deseja contar.

Agora, já pensou você passar pela vida e não lembrar nem do que estava vestindo numa ocasião especial?

Gostoso é ter essa memória afetiva presente, olhar para as fotos impressas – raridade – e dizer: bah, nessa época aqui eu estava assim/assado…, lembro bem desse casaco, a prima da minha mãe me emprestou quando blá, blá, blá… esse cabelo eu detestava, mas arrumei um boy com ele, blá, blá, blá…

Um lembrete que sempre vem bem: que grande ilusão achar que o look do dia alheio funciona 100% do dia. O que funciona é o seu, dentro da sua realidade, que faz parte de você, a SUA escolha. Porém, todavia, entretanto, a inspiração é válida, especialmente quando amplia seu olhar e visão de mundo. Nesse caso… Terra chamando para fora do Instagram, câmbio!

A moda é retrato de um tempo, sempre foi e sempre será. E aí, quais retratos ela está tirando de você? Que história esses retratos contam?

PS.: Não deixe de espiar a Trilha de Estilo, uma caminhada onde a gente aprende na prática a colocar em forma de roupa/look aquilo que nos pertence, o nosso estilo.

Beijos, Dallen.

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