
A comida é bonita.
A paisagem é perfeita.
Todo mundo se ama, se adora, se entende. Auto estima alta tem de sobra.
E todos, obviamente, estão se divertindo.
É janeiro, é verão por aqui.
E parece que as férias (e a vida) alheias são muito melhores que a sua.
Mas você já parou pra pensar que a vida pessoal nas redes sociais, grande parte das vezes, é uma espécie de curadoria dos melhores momentos?

Olha pra essa foto aí em cima. Digamos que essa moça não dormiu direito, preocupada com o retorno ao trabalho. Dois colegas dela se demitiram, ela vai ter uma sobrecarga gigante a partir de amanhã. Ela tá com a ansiedade na guela. Último dia de férias, ela se culpa por não estar “aproveitando”, porque a mente dela tá em outro lugar. Mas essa foto teria uma legenda tipo “mais um dia no paraíso”. Daí um ex curtiu a foto, o namorado não gostou, eles brigaram. Ela se pergunta porque ainda está nesse relacionamento. Acontece que nada disso aparece pra você nessa foto, mas tudo isso está lá: é a parte da vida dela que você não vê. Diferente da prancha que ela pegou com o amigo, pra fazer a foto que você tá vendo.
Deixa eu te contar um segredo: o que a gente vê por aqui, não é a vida completa de uma pessoa. É só uma parte. Caso não tenham te informado, esse negócio de “sem filtro” é pura balela. Porque a gente sempre filtra de algum modo antes de se expor. A legenda do sem filtro só significa que não retocou a imagem, só isso. Então, quando você olha a “ostentação” do colega, do vizinho, do amigo, do parente, e sente como se a sua vida não tivesse graça, lembra que tem uma parte da vida que a gente não mostra nas redes sociais. Esse excesso todo de felicidade nos stories é só a nossa fantasia coletiva de uma vida que todo mundo quer, mas que não existe: a vida perfeita!
Vale dizer que isso não significa que a pessoa esteja mentindo nem que a vida dos posts no insta é uma fraude. Pode até ser que, em alguns casos, dependendo dos influencers que você segue, tudo seja só uma grande farsa. Mas não tô falando disso, tô dizendo que por mais verdadeiro e feliz que seja aquele registro de um dia na praia da sua colega de trabalho no storie, ele ainda é uma parte. Aquele recorte de 15 segundos é uma parte. Esse é o ponto, aquilo ali nunca é tudo sobre a vida daquela pessoa. Então a gente pode só parar de comparar como se fosse. Parar de medir a parte mais legal da vida do outro com a realidade do teu todo.
A felicidade mesmooo, é uma construção diária, uma caminhada em direção aos teus valores e não uma hashtag numa legenda. Não vou entrar no mérito da discussão aprofundada sobre o que é a tal felicidade (porque isso é um texto de blog e não um tratado filosófico… hahaha), mas vou perguntar: o que está presente na TUA versão do que é ter uma vida feliz? Talvez viajar para o mesmo lugar que o seu amigo postou (e que parecia o máximo nas férias) pode ser uma meta, beleza. Junta o dinheiro e vai. Mas não é de meta que tô falando, é do que te faz sentir vivo, do que e de quem é importante na tua vida. Pra além de um lugar para conhecer, de um restaurante para ir ou de um destino de viagem. O que a sua compreensão de felicidade inclui? Foca nisso aí. E quando compartilhar a tua curadoria dos melhores momentos, lembre a você mesmo que aquilo não é tudo, nem na sua vida, nem na de ninguém. Ok?
E boas férias pra quem tá de férias! Beijos!
Sara Adaís