Eu quis voltar pra um lugar “seguro”, mas eu já não cabia mais ali.

A ânsia por controlar tudo é algo que me acompanha há um bom tempo. Acho que quem é ansioso começa a desenvolver uma maneira de tentar sobreviver e sofrer menos, então tenta organizar, prever, controlar tudo o que for possível.

Eram muitas tentativas de planilhas, de criar métodos de organização com as etapas do trabalho, controle de informações do tipo: metas que eu queria realizar, coisas que eu queria comprar, tentando mapear cada passo pra que no momento em que algo saísse da rota eu só precisaria olhar pra aquilo e tudo voltaria pro eixo.

Imagina você ter que anotar absolutamente todas as coisas que você quer muito adquirir, porquê vai que você se desvia e se esquece de que quer aquilo. E aí as vezes você já é outra pessoa, já nem quer mais, mas fica preso àquele objetivo traçado inicialmente, não se permitindo desapegar e dar espaço para os desejos e interesses fluírem naturalmente.

E nisso, o bruxismo e a tensão nos ombros vão ficando cada vez mais poderosos.

Não vou dizer que foi de todo ruim, me rendeu por vezes uma sensação de bem estar e paz ao deitar a cabeça do travesseiro, mas a vida do controlador é muito ingrata. Qual é o limite? Quando posso relaxar? Dentro de todas as possibilidades, o que será que pode acontecer que extrapolaria o orçamento que eu tenho destinado pra imprevistos?

Nos últimos dois anos, é como se a vida tivesse me arrancado pra fora dessa bolha onde

“nada poderá me ferir se eu deixar tudo preparado, esperando o bote”. Ocorreu uma série de situações que me tiraram da zona de conforto e mostraram tanto que aquelas tentativas de prever qualquer situação não eram suficientes, que eu comecei a entrar no famoso estado de TACAR O FODA-SE.

Eu me vi tendo que continuar, tendo que dar um jeito, apesar de tudo aquilo que estava acontecendo. Surtar não resultaria em nenhuma solução. Foram questões que viraram minha vida financeira de ponta cabeça, necessidade de me distanciar de pessoas que estavam há muito tempo na minha vida (sem morrer de culpa, haja terapia). Foi um desejo muito forte de me dedicar a algo que não era aquilo que eu fazia pra ganhar dinheiro e num universo totalmente desconhecido, uma demanda absurda de trabalho, tudo isso não permitia mais que aquela Amanda que vivia com medo e angustia, muitas vezes numa mentalidade de escassez e se limitando o tempo inteiro, tivesse espaço ali.

No domingo passado, tive meu último campeonato e entrei contato com o sentimento que deu nome aos bois, me fez entender bem o aprendizado de 2023 e o que quero pra 2024. E claro, me deu a ideia pra esse texto.

Estava fazendo a luta da semifinal e eu fiz uma escolha. Eu não queria perder de jeito nenhum, Então a minha estratégia foi voltar pro lugar seguro e conhecido. Eu já havia feito aquela luta muitas outras vezes e pensava que sabia o que aconteceria, portanto, bastava esperar. O medo de perder e a vontade de controlar tudo me fez entrar pra luta de uma maneira totalmente passiva. Eu ganhei a luta, mas me senti péssima depois. Aquela lá não era eu. Eu tinha muito mais recurso do que aquilo e poderia ter feito uma luta à altura da Amanda de hoje. Eu me diminui.

Quis voltar pra um lugar onde eu já não cabia mais. Lembrei de todas as vezes que eu chorei esse ano querendo voltar a ser aquela pessoa que “conseguia” controlar tudo. 🤦‍♀️

Eu me percebi como potência, conheci uma Amanda que consegue, apesar de tudo desmoronando, aos trancos e barrancos pensar numa solução inteligente, agir, resolver, ou que também se permite não resolver tudo. E não só isso, que pode muito, sonha alto, arriscar e quer pagar pra ver, que pode errar e consegue seguir em frente. Antes, não errar era uma prioridade, hoje, já consigo entender o erro como uma parte do processo, como mais um tijolinho da construção da nossa jornada, e não se iluda, ter essa consciência não necessariamente torna tudo mais fácil, está mais pra menos difícil. 🤣

Esses imprevistos, necessidade de arriscar, atitudes que precisavam ser tomadas sem pensar muito e muitas escolhas que fiz e definitivamente não eram as ideais naquele momento, me fizeram perceber a importância da fluidez e da flexibilidade, pois eu tive também conquistas e ganhos que eu jamais poderia mensurar.

Viver assim é cansativo, é tipo lutar jiu-jitsu só fazendo muita força, a rigidez, a teimosia e o cansaço vão te fazer não perceber as novidades, oportunidades e soluções que surgem bem na tua frente, bastava ter espaço pra fluidez, criatividade e aceitação. E que seja possível, a partir disso, a criação de novos conceitos de lugar seguro. ✨

Longe de mim terminar um texto como se viver tivesse uma receita pronta e fosse a coisa mais fácil do mundo, é só “insira aqui uma solução simples e milagrosa pra resolver todos os problemas alheios”. Mas acredito muito no poder da reflexão e de compartilhar as mudanças que acontecem aqui dentro. Passada a tempestade, não tenho problema em assumir que as antigas ideias já não cabem mais e seguir rumo a uma vida mais alinhada com aquilo que eu acredito.

Se esse texto te tocou de alguma forma, compartilhe com alguém querido e não deixe de comentar ou enviar uma mensagem no direct pra gente! As conexões são a motivação disso aqui.

Tamo junto e nos vemos em 2024!

Meu instagram: @amandabaronio

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