Insolúvel

Você já passou por alguma situação em que, por mais empenho, recursos e conhecimento que tivesse, isso não foi suficiente para resolver o problema que estava enfrentando? Talvez você esteja vivenciando algo assim.

Honestamente, eu já experimentei essa sensação algumas vezes, e nunca foi confortável! Pelo que já ouvi ao longo desses anos, esta condição não é privilégio meu.

Não tem o que fazer”. Essa é uma frase bem comum, presente nos atendimentos com os clientes, principalmente em situações difíceis. E normalmente ela é seguida por algo do tipo “aí não fiz nada”, ou “não tinha nada pra eu fazer”.

O que aparece em nós, em nossa vida quando estamos lidando com situações para as quais nossas habilidades, recursos e intenções não são suficientemente resolutivos? O que surge quando, apesar de todo o nosso esforço, não conseguimos resolver certos problemas que nos angustiam? O que a gente faz quando não há o que fazer para solucionar o que nos causa dor?

Em muitos momentos da vida lidamos com questões que não cabem em nossas mãos. É como segurar uma porção de areia em um dia ventoso. Por mais firmes que sejam as mãos, elas não poderão impedir o vento de soprar.

Saber sobre certos assuntos ou ter uma boa reserva financeira não nos blinda do que tange a vida.  Tais condições podem ser bastante úteis e auxiliar com muitas questões, e ainda assim não necessariamente darão conta de tudo o que pode acontecer conosco. Para muito do que vivemos não há agendamento prévio.

Ninguém marca na agenda o dia em que irá descobrir “a doença” ou que “um ciclone destruirá o que passei a vida construindo”, tampouco adiciona um lembrete de que “terça-feira é o dia em que serei demitido”. “Mês que vem minha casa pegará fogo e meu amigo de infância morrerá num acidente de trabalho”. A gente não prevê isso, não é? Todos os dias lidamos com questões que não escolhemos, e ainda assim, temos de lidar.

É fato que a vida tem as suas fragilidades e nós não temos controle algum sobre isso. O que nos resta? Essa compreensão exige entender como queremos viver enquanto lidamos com estes contextos. Ainda que não tenhamos controle sobre o que nos acontece, a forma como respondemos passa por escolhas que fazemos.

Isso se refere à pessoa que somos enquanto dedicamos nossos esforços para lidar com as coisas que acontecem. Quando falo sobre o que acontece, isso diz respeito à dimensão da nossa vida que não depende das nossas escolhas necessariamente, e que, ainda assim, nos chega, nos toma, nos afeta.

A verdade é que sempre estamos fazendo alguma coisa! Quando respondemos que “não estamos fazendo nada pra resolver”, o que estamos fazendo nesse tempo? Quais comportamentos emitimos como respostas a estas situações?

Podemos conversar com um amigo, sentir o sol no rosto enquanto olhamos para o céu, passear com o cachorro (o Bino adora essa parte – a foto prova!), ouvir uma boa música, e talvez fazer uma breve oração. Estas coisas que fazemos enquanto “fazemos nada” diante do problema, não tem a função de resolver o que é insolúvel, mas tem a função de nos ajudar a lidar com esse contexto. São comportamentos que nos possibilitam agir de forma cuidadosa conosco.

Lidar com o que não podemos resolver é uma situação difícil por si só. Nós não precisamos que a autopunição, exigências cruéis e a desvalia tornem esse processo mais doloroso. Sermos rudes conosco nunca nos aproxima de uma vida melhor.

Muitos de nós precisamos aprender a ser gentis e cuidadosos conosco. Nem todos(as) aprenderam a agir de forma amorosa e acolhedora. Talvez seja importante olhar atentamente para o que você faz quando “não está fazendo nada”, e observar como você trata a si mesmo(a) nesses contextos.

Terapia pode ajudar, hein!

No fim, a questão não se resume às nossas habilidades de resolver as coisas. Mas, passa fundamentalmente em como lidamos com o que acontece, e o que fazemos quando “nada” pode ser feito.

Se esse texto fez sentido para você compartilhe com outras pessoas, e marque o @jonasfilho.psi! E para seguir nosso papo, me chama lá!

Aproveita pra ler os textos das minhas maravilhosas parceiras de blog: AmandaDallen e Sara.

Com carinho, Jonas Filho.

Utilizamos cookies para melhorar a sua experiência de navegação, personalizar conteúdos e anúncios, fornecer funcionalidades de redes sociais e analisar o tráfego do site.

Ao clicar em “Aceitar todos”, você concorda com o uso de todos os cookies.