Você se propõe a fazer algo novo. Um novo hábito. E decide começar na segunda-feira.
É claro que você não começa. Ou até começa. Mas continua?
Esse texto não é pra tentar entender como se cria um hábito — apesar de eu adorar esse assunto e acreditar que é super necessário para que a gente possa seguir caminhos mais funcionais nesse quesito. — Me proponho aqui a falar sobre algo que NÃO É o que as pessoas costumam fazer quando elas tem um objetivo e escolhem um caminho pra chegar nele: simplesmente continuar.
Um dos exemplos mais familiares é o da dieta. Quem nunca tentou seguir um plano alimentar e ao comer um docinho ou qualquer coisa que não estivesse no plano, simplesmente sentiu que tudo o que foi planejado e o que já havia sido feito foi em vão e decidiu largar de vez, se sentindo um completo incapaz?
No meu caso, hoje vivo isso em relação à criação de conteúdos digitais sobre o meu trabalho (e algumas outras tarefas chatinhas de se fazer, como preencher planilha e atualizar os backups de fotos). Penso que preciso desenvolver o método perfeito pra postar e criar com constância e no primeiro furo que dou, já sinto um desânimo absurdo e tudo escorrer pelas minhas mãos.
Aí se passam dias, semanas, e as coisas acumulam. E o dia da mulher passa e eu não fiz um card de feliz dia da mulher. E a angústia e sensação de incompetência tomam conta.
Olha, nenhum dos exemplos que estou dando são coisas fáceis, mecânicas, como passar fio dental. São tarefas complexas, feitas de pequenas etapas e que vem acompanhadas de questões emocionais. Que são de longo prazo, ou seja, não tem uma data pra acabar e, ainda que tivessem, eu não acho que seja essa a questão que nos faz não fazer. E por quê tratamos como se fosse simplesmente atravessar a rua?
“A PARTIR DE AMANHÃ VOU ACORDAR ÀS 6 DA MANHÃ.” Como se você não fosse dormir às 3 da madrugada, depois de ficar as últimas 2 horas rolando o feed do Instagram, sendo que você trabalha o dia inteiro no computador, não se exercita, janta um Subway e tem uma cama que parece mais uma canoa e te faz acordar com a sensação de ter apanhado de 5 gorilas.
Entende tudo o que envolve uma coisa que parece muito simples?
Eu atribuo a culpa à simplificação desse rolê todo.
O que nos vendem: método infalível. Faça de uma vez por todas. Sem complicações. E basta querer.
Balela. Nada disso pode vencer o dia em que tudo sai do planejado, que nos sentimos o cocô do cavalo do bandido, simplesmente NÃO QUEREMOS fazer aquilo e a ansiedade nos paralisa. Você é um ser humano, não um robô, então, mais cedo ou mais tarde, isso vai acontecer.
É possível sobreviver a isso com fluidez. E treino. E não, não basta só querer. Querer é necessário sim, é um passo, mas se fosse só por vontade eu sei que todo mundo já teria mudado o mundo na segunda-feira.
CONTINUAR, não é sobre simplesmente repetir a mesma coisa, daquela mesma forma, veja bem, ajustes e adaptações serão necessários, mas o controle é uma grande ilusão. A questão está em fazer. Mesmo que não seja completo, perfeito, do jeito em que você mirou. Amanhã é um novo dia pra você fazer de novo. E de novo, e de novo.
O perfeccionismo nos impede de simplesmente continuar fazendo algo, ainda que esse feito não seja da maneira idealizada e esquecemos que, quando a gente se propõe a fazer algo novo, o que se espera é que sejamos um “bebê” nisso e o mais óbvio é que não saibamos como fazer com maestria. (Achei ótimo mudar a ideia de fracasso pra ideia de bebê, a propósito).
O curioso sobre a inconstância é: na tentativa de fazer com que ela não aconteça, colocamos um ideal inatingível e acabamos caindo na armadilha da perfeição, o que nos faz ser inconstantes e frustrados. Que coisa, né?
Vamos fazer um combinado? De lembrar que a constância não é linear. Esse pensamento facilita aceitar que esses pequenos percalços e furos na caminhada fazem parte e podemos sempre voltar ao prumo, ao caminho que traçamos em busca do nosso objetivo.
Essas saídas dos trilhos também podem servir como avisos, oportunidades de reavaliarmos a forma como buscamos realizar as coisas e ir moldando algo cada vez mais dentro do que é possível pra gente.
Por isso, quando for estipular um novo objetivo, por mais simples que ele pareça, lembre-se: falhar é normal e o mais importante é voltar.
Gostou desse texto? Considero que esse modo de pensar foi a chave para que eu pudesse ter disciplina na maioria das minhas tarefas! Sigo com dificuldade na criação de conteúdo, mas sempre voltando ao prumo e alinhando as expectativas. Se foi válido pra você, compartilhe! E estou a disposição pra trocarmos mais ideias no Instagram. ✌