Será que o tempo cura mesmo?
É comum que pensemos, e até digamos, que o tempo irá dar conta de algumas coisas. São aquelas situações que vivenciamos e não conseguimos resolver ou curar, e que permanecem fazendo barulho em nossa história.
Sabe aquela ferida que segue aberta em nosso peito? Aquele trauma que arrebatou nossa inocência e trouxe marcas profundas, dores que se aninham em um cantinho da nossa alma e que a memória teima em visitar de vez em quando.
Será que cabe ao tempo resolver essas coisas? Será que há nele algum fator mágico ou poderoso para resolver nossas questões enquanto permanecemos inertes?
Imagine um machucado profundo no pé. O que acontece com o corpo se apenas deixamos o tempo passar, sem fazer algo para cuidar do ferimento? Acaso o machucado irá curar-se sozinho com o simples passar do tempo?
Provavelmente, por ser algo profundo, ele irá piorar, surgindo outros problemas oriundos deste.
Mas, se nesse mesmo tempo decidirmos agir de forma comprometida, na direção de cuidar e fazer o que está ao nosso alcance para lidar com essa ferida? Isso aumentará ou diminuirá as chances de que haja uma melhora efetiva?
Um navio pode permanecer ancorado em um lugar “seguro” por estar com o casco rompido ou por ter sofrido algum dano após uma tempestade. O que acontece se ele apenas permanecer ali? O que o tempo lhe fará?
A questão não está no tempo, e sim no que fazemos enquanto ele passa!
Ele pode ser um fator oportuno para esses processos, mas sozinho não há qualquer garantia de resolução. E além disso: algumas coisas se tornam ainda mais difíceis com o passar dos dias. Dores que se emaranham em nosso modo de ver a vida e as pessoas ao nosso redor. Traumas que passam a guiar todas as nossas escolhas e se fundem com a nossa percepção de quem somos no mundo.
Se não fizermos o que está ao nosso alcance para lidar com estas feridas há uma grande chance de que elas produzam novos sofrimentos com o passar do tempo. Há uma chance significativa de sofrermos ainda mais por não fazermos o que é necessário.
É importante entender que “fazer nada” ou “não fazer nada” – como costumamos dizer-, é fazer algo! Permanecer parado(a) é fazer a escolha de soltar as rédeas da vida, é a decisão de não fazer o que é possível. Não agir em direção à mudança é também decidir submeter-se!
O tempo não tem qualquer obrigação em dar conta da nossa vida. Cabe a nós a compreensão e a decisão acerca do que iremos fazer, no tempo que temos, para construir a história que dá sentido aos nossos dias. Não falo aqui em um sentido de meritocracia. Falo no sentido de agirmos diante do que nos acontece, da forma como respondemos à vida.
Talvez esse seja o tempo oportuno para agirmos em direção ao que é possível, para cuidarmos das nossas dores e olharmos corajosamente para as amarguras que criaram raízes em nossos corações. Não esperemos que a vida resolva o que nós podemos (e precisamos) resolver.
Digo isso com muito carinho, na esperança de que façamos, nesse tempo, o que nos aproxima da vida que desejamos viver.
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Com carinho, Jonas Filho.