Longe de mim dar Ibope ao moço que enganou várias mulheres através do app famoso, só que além de ele constar como um assunto da hora, me pareceu muito assertivo ao escolher seus óculos de sol. Então serve bem para ilustrar o tema!
Você assistiu? Disponível pelo Netflix, O Golpista do Tinder é um documentário que conta a história de Shimon Hayut, um jovem de 30 e poucos anos que usava o app de encontros amorosos para enganar suas vítimas e extorqui-lhes alguns milhares de dólares. Um rápido search no Google e você vai ver muitas imagens dele usando óculos de sol, quase todas, aliás. Mas nem se dê ao trabalho, eu já printei aqui as principais pra você:
O que você observou? Em relação à cor, ao formato, ao modo como isso combinava – ou não – com ele…
Veja novamente enquanto eu abro um parêntesis aqui: minha amiga Cíntia Voges me pediu para falar da relação óculos X visagismo, então eu decidi pegar um exemplo que linkasse o acessório a comportamento, já que essa é a base do visagismo. Se eu pegasse apenas fotos ilustrativas de famosos (ou quem quer que fosse), correria o risco de alguém associar formatos de rostos a tipo ideal de óculos e isso NÃO É visagismo.
O visagismo Philip Hallawell tem como premissa tornar aparente as qualidades inatas da pessoa com harmonia e estética. Inatas porque vieram de fábrica, acompanham a pessoa desde sempre. Uma vez descobertas (alô autoconhecimento) faz muito sentido expressá-las através da imagem. A gente se sente confortável na própria pele e quem nos vê também se sente bem, pois “lê” harmonia no modo como somos e como nos expressamos. Essa leitura, naturalmente, é automática e não temos controle sobre ela. Quem te vê tem uma sensação daquilo que a sua imagem está transparecendo.
Por isso, quanto mais intencional for a imagem transmitida, melhor será a leitura que os outros farão da gente.
Super interessante, não acha?
Bom, e quando a imagem transmitida não combina com o que a pessoa é? Soa fake. O cérebro “lê” e pensa: “hmmm… não gostei.”
Mas… e quando essa imagem fake é exatamente o que a pessoa deseja?
Permita-me responder com outra pergunta: o que você acha?
Voltemos ao Golpista do Tinder. Observe seus olhos sem os óculos. Estava assistindo com amigas e uma dela comentou: “que olhar frio, dá medo!” Pois é, um olhar frio, calculista e mentiroso (perdoem os spoilers, segue o baile…) não poderia ficar desprotegido se não quisesse ser descoberto. Ainda mais estando a área dos olhos, justamente no terço da face que corresponde à emoção. Já pensou seu amor dizendo “eu te amo” sem fitar você profundamente (e ao vivo e sem óculos) nenhuma vez? Complicado.
Qual foi a estratégia que ele usou? Fazer uso de óculos de sol que corroborassem com a vibe que ele queria demonstrar: envolvente, feliz e inofensivo. Naturalmente estou inferindo aqui, tá? Juro que nunca falei com ele 😛 O caso é que a linguagem visual da maioria de seus solares contribuiu para isso. Sei lá se isso é consciente ou não, kkk…
As linhas onduladas e redondas trazem acolhimento e proximidade. Note que na maioria não há quinas ou pontas (assim como as linhas do seu rosto, que são quase delicadas!), portanto, “não oferecem perigo”. Além disso, aros finos e estreitos são o contrário de fortes e robustos. Reparou no seu porte físico? Baixo, magro, não musculoso. Uma de suas vítimas chegou a dizer que por conta disso “não fazia seu tipo”. Mas que reforça o estereótipo de bom moço, reforça. Não serve para “macho alfa”, sabe? As lentes escolhidas são, em sua maioria, translúcidas, permitindo um contato visual parcial, sem precisar tirar os óculos. O bom e velho jogo de “revela e esconde” no amor. Cor! Muitos são coloridos, o que reforça a alegria, o dinamismo e a aproximação.
Dito isso, já posso responder à pergunta anterior: e quando a imagem fake é exatamente o que a pessoa deseja? Não perdura. Não há como sustentar por muito tempo uma imagem que fale de um personagem apenas. Mentira tem perna curta, dizem. Na vida real, basta lembrar de alguma vez em que você precisou fazer uma cena que não correspondia à sua realidade, como por exemplo, parecer dócil e tola quando a vontade era explodir de raiva (quem nunca?).
No caso dele, logo fica claro que há conflito de personalidades ali (ou o que quer que seja, não sou psicóloga, kkkk). O que ele veste, literalmente, é apenas um personagem.
Tá bem, Dallen, mas como saber qual óculos eu devo usar?
A resposta é sempre essa: depende. Do quê? Do que você quer comunicar. Fuja das formulinhas mágicas que associam formatos de rosto a óculos ideal. Você até pode acertar, mas na intuição, no achômetro. Contudo, se a ideia é se conectar ao seu momento de vida de forma que fique harmonioso e belo, o ideal é fazer uma Consultoria Visagista.
Você não precisa ter todas as certezas do que você quer comunicar, a consultoria é justamente para te conduzir da melhor maneira. Ela é uma fotografia do seu tempo hoje, não é estática, pode mudar sempre que VOCÊ mudar.
E por mais que óculos sejam o tipo de acessório indispensável para muitas pessoas, ainda assim são acessórios. Diferentemente de um procedimento cirúrgico, por exemplo, pode-se trocar à vontade (guardada$ as devida$ proporçõe$). Então, permita-se experimentar, conecte-se com o que você deseja comunicar e voilá. Perguntas para ajudar você, caso esteja procurando óculos sozinha(o):
- Costumo ser mais conservador ou aberto a novidades?
- Gosto de cores mais neutras ou coloridas?
- Fico à vontade com exposição ou prefiro passar despercebido?
Suas respostas serão boas direcionadoras para a escolha. Você pode reforçar o que você já faz ou dar uma equilibrada indo na direção oposta. Não tem certo ou errado. Tem o seu desejo de imagem. E nesse caso, quanto mais próximo da SUA verdade, melhor.
Agora me conta o que você achou dessa análise?
Beijo,
Dallen.