Esse texto é um tanto delicado, um tanto sensível para mim. Por isso, encontro coragem para falar sobre isso em meus valores de vida, na possibilidade de, através do texto, contribuir com a vida das pessoas e ajuda-las, de alguma forma, a encontrarem aqui um espaço de acolhimento.
Quando eu quis morrer eu tinha a sensação de que não havia alternativas para lidar com a dor que eu sentia. Parecia que o mundo inteiro havia desmoronado e perdido totalmente o sentido. Parecia também que aquela sensação, uma dor profunda e desesperançada, nunca deixaria de habitar o lado de dentro da minha pele. PARECIA.
Experiências assim evocam emoções e sensações muito intensas! Era uma profunda tristeza, que parecia ter me engolido.
É curioso notar, hoje, como essas sensações e pensamentos – “isso nunca vai passar” – faziam tanto barulho, e não eram nada além do que eram: pensamentos e sensações! Essa percepção não tem a função de invalidar essas experiências internas, mas sim nomeá-las e descrevê-las de forma adequada.
Na época eu não fazia terapia, e noto o quanto isso me fez falta e tornou o processo mais doloroso do que “precisava” ser. Poderia ter sido bem diferente, não necessariamente mais fácil, mas certamente menos difícil. Não é a mesma coisa!
A fé foi fundamental para mim naquele momento. Crer que, de alguma forma, aquele “negócio que me consumia” era menor do que Aquele em quem eu cria (e creio) foi abrindo espaço para que eu conseguisse sair daquele poço. Espiritualidade pode ser um fator protetivo em contextos de sofrimento intenso.
ELA NÃO SUBSTITUI A TERAPIA, que, como disse acima, teria me feito muito bem naquele contexto. Cada parte tem seu lugar! E é preciso sabedoria para dimensionar essa relação. Eu precisei fazer algo para lidar com o que se passava dentro de mim. Foi preciso agir.
O ponto principal que desejo trazer aqui é a aprendizagem de que as coisas mudam. É fato que um pensamento intrusivo pode nos engolir quando estamos em situações difíceis. É fato, também, que ele não precisa determinar as escolhas que faremos enquanto ele está presente.
A vida é muito dura, em muitos momentos e de muitas formas. E à medida que conseguimos aprender a acolher essas dores e dar a elas um lugar adequado em nossa história, vamos descobrindo que conseguimos sobreviver a elas. E, além disso, notamos que podemos encontrar caminhos para VIVERMOS MELHOR, enquanto a dor nos visita.
Ela não terá o mesmo tamanho, não sempre. E ela não precisará ser o norte dos nossos dias. É possível viver enquanto sofremos, lidando com o que nos toca com cuidado e esperança. Essas são aprendizagens fruto da minha terapia!
Provavelmente você já passou por alguma situação extremamente difícil, e talvez, para algumas pessoas, este tempo esteja sendo exatamente assim.
É possível descobrir e/ou resgatar caminhos que deem sentido à vida. E esse processo não exclui as dores. Ele as traz junto, cuida, acolhe, dá lugar e nos ensina um novo jeito de viver.
Se você vem se sentindo assim, ou notando alguns pensamentos dizendo que “isso nunca vai passar”, ou “não há o que fazer”, tenha certeza de que eles são apenas o que são: pensamentos. Procure ajuda para lidar com isso.
Pensamentos mudam, se vão, e não determinam a verdade sobre nossa vida. Quando eu quis morrer eu descobri que o que eu queria, de VERDADE, era viver de outro jeito. E sigo assim, descobrindo esse caminho a cada passo, tentando construir uma vida que vale a pena!
Hoje eu quero viver, enquanto a vida dói e a dor me visita. Quando eu quis viver aprendi que preciso aceitar que a vida é como é, e não como eu gostaria que fosse. Não sempre.
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Com carinho, Jonas Filho.