Escrevo esse texto do computador, enquanto o celular a toda hora sequestra minha atenção, já que o deixei estrategicamente posicionado para assistir/ouvir Renaissance World Tour enquanto escrevo. Como não pertenço à geração Z, não consigo fazer ambos ao mesmo tempo, sendo que levei mais tempo do que esperava para finalizar. Entretanto, que delícia que foi me dividir assim!
Pra’lém do lindo, do gosto e da batida musical, esse espetáculo audiovisual de quase três horas é um prato cheio para gente se conectar com a linguagem visual, as percepções e sensações que aquela profusão de cores, formas, volumes e texturas nos causam.
APOSTA NO PRATA
Recentemente mergulhei no estudo do prata e do dourado para trazer curiosidades, atualidades e inspirações de uso dessas duas cores tão icônicas. O vídeo/aula faz parte do programa de educação continuada que tenho e que se chama Trilha Mais, uma referência à Trilha de Estilo que “não acaba quando termina”. Se você participou, aposto que compreendeu o por quê do espetáculo estar tomado pela cor prata.
Não poderia ser diferente já que o futuro e a modernidade são os principais temas da Renaissance Tour e a cor prata nos remete ao moderno, ao tecnológico, ao elegante e às energias femininas. Já imaginaram um Renaissance dourado? De jeito nenhum.
Agora mesmo assisto ao impressionante momento em que as pernas de uma Beyoncé robótica gigante são abertas como num trabalho de parto, e no meio, no lugar da v*gina da diva, vemos um túnel profundo e… prata. No final do túnel está a sua representação em forma de robô – prata – com algo como chifres na cabeça. O que teria “nascido” dali? Pensei no nascimento de algo novo e surpreendente, porém, perigoso, algo a temer, algo mais inteligente (olha a IA aí, tudo a ver com prata!).
Há outras cores presentes e são em sua maioria metalizadas. Há muito branco e tons azulados frios, que harmonizam com o prata e têm mensagens semelhantes também.
“O álbum também referencia a cultura ballroom e a comunidade LGBTQIA+, especialmente seu tio Jonny, um homem negro, gay e vítima de complicações causadas pelo HIV (…)
O conceito da turnê passeia por referências históricas globais, do Renascimento europeu ao Renascimento do Harlem – um movimento cultural datado da década de 1920, onde o foco era a participação e valorização da cultura negra, assim como a sua arte e religião (…). O álbum também referencia a cultura ballroom e a comunidade LGBTQIA+, especialmente seu tio Jonny, um homem negro, gay e vítima de complicações causadas pelo HIV.”
Você é fã da queen Bey? Já tinha assistido ou lido sobre a Renaissance World Tour ou eu acabei de te pilhar?
E sobre o prata? Estatisticamente falando, é a cor menos lembrada pelas pessoas, segundo Eva Heller, em “A Psicologia das Cores”. Talvez porque muitos não a associam a uma cor, mas é, inclusive com significados bem interessantes para quem deseja demonstrar que conhece a fundo algum assunto (inteligência) e prefere um protagonismo discreto no estilo (sofisticação).
Obrigada Beyoncé, por trazer de modo absurdamente incrível essa cor tão frequentemente subestimada.
Beijos,
Dallen.