Aquilo que fazia sentido já não faz mais. Parece que agora eu tenho uma outra visão. Parece que tenho várias visões, pontos de vista, de vários momentos da minha vida. Como janelinhas fechando e abrindo, indo e voltando ao passado, criando alguns futuros. Sensação de estar caminhando rumo aos objetivos e ao mesmo tempo, a sensação de estagnação.
Certas práticas já não cabem mais. Certas pessoas já não cabem mais. Mas o funcionamento base, esse acompanha a gente. Ele tá sempre ali dando as caras, quando alguém fala torto contigo e tu sente que tem 6 anos de idade e está sendo esculachado pela mãe por não saber fazer nada direito. E é fácil descartar todo o progresso que já fizemos.
Acho que é culpa do piloto automático, do fantasma da correria que não deixa a gente viver a vida com presença, nos faz baixar a guarda. Parece que a gente anda pra trás. Hoje senti orgulho de mim por comunicar à recepcionista da clínica veterinária que o filtro de água precisava ser limpo. Na minha mente, dizer isso deixaria eles envergonhados por terem deixado o filtro sujo e me faz sentir mal de dizer, mas eu sei que isso é um pensamento, e não a realidade, e ainda que fosse, o filtro está sujo, precisa ser limpo e avisar era algo bom a ser feito.
A convivência com as pessoas nos faz perceber suas pessoísses. Ninguém é só aquela coisa boa que te fez gostar dela. É preciso ter cuidado para não se deixar levar por essa frustração e virar um ermitão que não quer mais interagir com humanos. Colocar limites se torna cada vez mais urgente em minha vida e relações, me vejo estreita entre deixar as pessoas serem tudo o que querem e não conseguir mais aceitar que me firam com suas ultrapassagens perigosas.
Queria uma garantia de que não estou decepcionando, mas é impossível. É impossível não decepcionar expectativas alheias. E é impossível viver de garantias. Ser adulto implica em fazer suas escolhas e lidar com as consequências delas, na maioria das vezes sem certeza. Aí que mora a autoestima, a maturidade. Ao guiar meu caminho e escolhas só pensando que a consequência não pode causar desconfortos nas outras pessoas, estou abrindo mão da minha vida. Acho que vivi (estou vivendo) um luto da ideia de que eu poderia passar ilesa por frustrar o outro se eu fizesse tudo bem direitinho.
Isso tudo é como um despejo, um fluxo de consciência. Acumulo tensões em meus ombros e me pergunto se um dia isso não vai mais acontecer, ou como faz pra isso não acontecer agora. Por vezes chorar adianta, escrever adianta. Essa escrita mostra um lado não tão alto astral e bem resolvido, que cá em entre nós, já fazem 2 anos que escrevo aqui e a gente já se conhece o suficiente para que não seja nenhuma surpresa.
É curioso como passaram dois dias após o nascimento desse texto e hoje, já não está mais tudo estranho. Nem por isso vou deixar de trazer esse momento nebuloso que passou pela minha mente, pois hoje pode ser o seu dia estranho e as minhas palavras podem servir como um abraço e um recado do futuro para você respirar e confiar no processo.
Afinal, a vida não tem garantias. Se aceitarmos isso, é respirar e confiar.
Obrigada por ler até aqui. Escrever esse texto foi necessário para organizar meus pensamentos e eu não quis descartá-lo, acredito que ele pode beneficiar mais alguém por aí. Achei que seria uma boa homenagem para o Dia do Escritor que aconteceu essa semana, mostrando como a escrita pode ser poderosíssima para a nossa saúde mental e conexões. Leia e guarde pro seu dia estranho ou envia pra um amigo que esteja num momento assim também. ❤
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