Tá tudo estranho hoje.
Acho que é culpa do piloto automático, do fantasma da correria que não deixa a gente viver a vida com presença, nos faz baixar a guarda. Parece que a gente anda pra trás. Hoje senti orgulho de mim por comunicar à recepcionista da clínica veterinária que o filtro de água precisava ser limpo. Na minha mente, dizer isso deixaria eles envergonhados por terem deixado o filtro sujo e me faz sentir mal de dizer, mas eu sei que isso é um pensamento, e não a realidade, e ainda que fosse, o filtro está sujo, precisa ser limpo e avisar era algo bom a ser feito.
Ainda bem que eu segui as batidas aceleradas do meu coração.
Aquilo que eu não queria aceitar estava cada vez mais materializado na minha frente, não me dando escolha de olhar para o lado. A sensação de que eu estava me encaminhando para buscar ajuda psiquiátrica era apavorante. Me descobri cheia de preconceitos, relutante para dar esse passo. O que isso diz de mim? Que falhei? Perdi? Estou traindo à minha psicóloga? Tive medo de falar com ela antes de contatar o psiquiatra. Será que não aguento mais um pouco assim? E viver “aguentando” já diz tanto.