Talvez esse texto pareça um pouco estranho, e isso não é um problema! Há alguns meses venho observando algo e pensando em como poderia abordar essa questão de forma relevante.
Uma das coisas que mais gosto de fazer em meu tempo livre é brincar com meus sobrinhos. Tenho quatro: João (10 anos), Isabella (7anos), Louise (1 ano e 2 meses) e Helena (1 mês e alguns dias). Gosto muito de crianças e sou um tio babão assumido!
Há tempos fui percebendo como os momentos que tenho com eles me ensinam sobre a vida e me ajudam a perceber as coisas sob novas perspectivas. É simples e muito significativo. Foi brincando com a Louise que essa questão surgiu pra mim.
Ela é a sobrinha filha da minha irmã mais nova, e é muito esperta, querida. Essa guriazinha está em uma fase em que gosta de brincar de “tututi”.
Sabe aquela brincadeira que fazemos com os bebês, fingindo que desaparecemos, e alguns instantes depois surgimos “do nada” dizendo: “tututi”?! Ela adora!
Brincar com ela me fez pensar sobre o conceito de permanência, que é parte do desenvolvimento humano na primeira infância. De forma bastante resumida, esse conceito compreende a ideia de que, até certa idade, os bebês entendem que as coisas que não estão vendo deixaram de existir. Se eles não veem, então não existe.
Eles ainda não desenvolveram a noção de permanência, que aparece quando aprendem que os objetos continuam existindo, mesmo que eles não estejam vendo.
E o que isso tem a ver com a gente no fim das contas?
É que nós fazemos algo muito parecido com algumas questões das nossas vidas.
Sabe aquele problema que você não resolve? Aquele trauma que fica num cantinho da sua vida, e você vai vivendo como se ele deixasse de existir por não estar diante dos seus olhos? Aquela parte da sua história que você disfarça e evita pensar pra não precisar lidar com ela? O fantasma que, por vezes, ressurge “do nada”?
A verdade é que essas questões permanecem presentes em nossa vida, ainda que nos esforcemos para não olhar pra elas.
Os bebês emitem esses comportamentos como parte natural de seu desenvolvimento.
E nós? A serviço de que está essa postura de não olharmos para o que dói e se faz presente em nossa vida? O que nos leva a agir como se isso fosse desaparecer de nossa história sem que façamos?
Nós sabemos que isso não vai acontecer, e precisaremos de coragem pra assumir novas posturas frente a isso. Crescer exige que aprendamos a lidar com o que permanece, para então, darmos novos caminhos e construirmos novas relações com essas partes de nossa vida.
É possível e necessário.
E por aí? O que permanece aí, em você, enquanto você não olha?
Tututi!
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Com carinho, Jonas Filho.