Um paralelo entre sua casa e aceitação

Me encontro nesse momento, na data que deveria ser feita a entrega do texto (não posso nem dizer que estou aos 45 do segundo tempo, pois aos 45 do segundo tempo foi quando surgiu a ideia do que eu escreveria), botando meus dedinhos para trabalhar e jogar mais um pouco do que se passa na minha cabecinha pra esse mundão.

A ideia nasceu de uma legenda. Comecei a refletir sobre o que ouço dos meus clientes quando proponho realizarmos a sessão de fotos em suas casas.

“Minha casa não dá, não tem lugar bonito lá”, “minha casa não tem nada de mais”, “ahh não, minha casa é uma bagunça”.

Acho curioso como eles confiam em mim pra levá-los a um lugar sem referência alguma, um terreno baldio ou mato-sem-cachorro e sabem que farei fotos legais, ou ainda que não saibam, esperam o melhor de mim, mas em se tratando do seu lar, não há a menor chance de um milagre de minha parte.

O que meu cliente acha que vou enxergar na casa dele. 😅

Ao pensar em uma legenda pra falar sobre isso e rebater esses argumentos, fiz uma conexão com um assunto que vocês já conhecem por outras vias: o fato de que nunca estamos satisfeitos com aquilo que já temos. Nosso corpo nunca está bom o bastante, nosso trabalho, nossos ganhos, nossos dentes nunca são brancos e retos o suficiente, logo, por que nossa casa estaria à altura dessas cobranças absurdas?

Queremos que nossa casa seja instagramável, mas arrisco dizer que se ela fosse, ainda assim não enxergaríamos. Estaria sempre faltando algum item decorativo que custa 10 mil reais na Tok&Stok.

A aceitação, a paz em relação à nossa imagem ou à nossa vida num geral não é algo que brota do nada. É um exercício. É ter consciência dessa cobrança infinita e nadar contra a maré, buscar rever nossa régua de comparação e treinar o olhar gentil pra tudo o que já temos e construímos. E isso não tem nada a ver com não almejar melhoras e toda essa baboseira que coaches fajutos diriam que está implícito no meu discurso, afinal, segundo eles você precisa querer mais e mais. Para mim, isso só nos leva a mais insatisfação e 5 burnouts under 30.

Uma forma que encontrei de exercitar meu olhar carinhoso pra vida foi criando o projeto “Eu vejo beleza aqui”, onde fotografo pedacinhos do cotidiano que muitas vezes se tornam rotina ou sequer são considerados bonitos.

Numa sessão de fotos, a casa nos proporcionará um ambiente confortável, será cenário também, mas ao pensar em uma foto, quero contar uma história, quero te retratar e quero que você se enxergue ali.

Claro que a estética é importante, todo mundo quer uma foto bonita também, mas isso considero que virá de uma junção de coisas: luz, enquadramento, direção, cores, nossa conexão e também o que essa foto te fará sentir.

Creio eu que assim como nosso estilo/visual, a nossa casa pode entrar pra esse processo de autoconhecimento também, pra ser um local não só esteticamente agradável (e o que falo aqui, é aquela beleza óbvia ou financeiramente distante de casas de revista ou pinterest), mas que essa beleza seja nossa, reflita quem somos, que a gente cuide do nosso lar, mantenha-o organizado, confortável pra que possamos sempre voltar pra ele, que possamos tomar um café com calma e tranquilidade e que ele seja funcional, que nos sirva de lugar seguro, onde construímos momentos felizes.

Sua casa não precisa parecer de Pinterest. Sua casa precisa ser viva e te servir, ser teu canto no mundo.

Alguns profissionais prezam pela perfeição em suas imagens, eu prezo pela autenticidade. Quanto mais única aquela imagem for, e por única eu quero dizer: quanto mais da pessoa retratada ali ela mostrar, mais interessante ela será. Isso se aplica para sua morada e significa, por veze,s mostrar uma baguncinha. Pra isso você precisa se desprender dessas imposições e olhar com carinho pra si mesmo e pra sua casinha. Assim, você poderá ver beleza aqui também.

Esse texto brilhou pra ti? Vamos conversar mais sobre! estou te esperando lá no Instagram: @amandabaronio.

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