Eu tenho o hábito de tirar fotos do que visto. Quando aprendi a fazer isso, aprendi também a me ver.
Todas as vezes que me arrumo e gosto do que visto, me fotografo antes de sair de casa. Faço isso tanto para me lembrar daquela composição que deu certo e que posso repetir, quanto para registrar o que pensei ao me vestir naquele momento: o que quis mostrar, o que quis transmitir e, principalmente, o que eu quis enxergar.
Justamente por isso eu digo que enxergar é diferente de ver. Embora possa parecer apenas uma biscoitagem, essas fotografias me servem como referência. Em algum momento, quando olho para o meu celular, lembro de como, naquele dia, eu estava bem vestida, de como aquela roupa deu certo, ou até de como, de vez em quando eu penso: ‘Gente, eu estava louca de ter saído de casa com essa roupa!’
Eu entendo que se vestir vai além da moda ou de ser hype; fala sobre pertencimento. E, para mim, esse pertencimento é um auto pertencimento: eu pertenço a mim mesma. É por isso que visto o que quero e o que me faz bem.
E, antes de sair de casa, faço uma pequena biscoitagem, porque sim, isso me abraça.
Gabriela Souza
Gabriela Souza é advogada feminista, mãe de pet, de plantas e trilheira do grupo #3 (Trilha de Estilo!).