Já tem 2 anos e meio que entrei pro mundo da arte marcial e além: o das competições. Com o nível de dificuldade subindo e a vontade de mais, fui precisando elevar também a minha dedicação ao esporte e claro que junto com isso, subiu o preço a se pagar. E o preço não é só em dinheiro.
Volta e meia estou tomando banho e me vem essa reflexão: será que eu estou me auto destruindo com a desculpa de um objetivo grandioso e legítimo?
Sabe… Eu gosto de sentir que ultrapassei meu limite e cheguei a um novo lugar, internamente falando. Olha que conveniente… Alguém que gosta de fazer das tripas coração encontrou uma forma perfeita de fazer isso: no esporte, quanto mais você ultrapassa seus limites, mais admirado é.
- Estou ultrapassando um limite com a consciência de que isso faz parte da minha trajetória pra chegar do ponto A ao ponto B.
do
- Preciso fazer mais e mais, se eu sofro, estou sofrendo pouco, já que só conquista quem se sacrifica até morrer como um mártir.
Reflito sobre o quanto este sacrifício desenfreado pode nos tirar o brilho da jornada. A morte que falo aqui pode ser simbólica. Uma lesão, um burnout, a percepção de que talvez você estava vivendo algo que não queria realmente, mas viveu tão desconectado do que sentia que não foi capaz de notar e ouvir a si mesmo.
Dá pra viver sem se esborrachar no chão de vez em quando? Qual seria a graça da vida se não estivéssemos constantemente aprendendo, como crianças curiosas que testam os limites dos pais ao seguir enfiando os dedos na tomada quando eles dizem para não fazer?
Amanda Baronio
Fotógrafa e atleta campeã estadual faixa azul de jiu-jítsu. Não necessariamente nessa ordem.